Oséias foi o mais antigo dos profetas menores e
contemporâneo de Amós. Seu nome significa “salvação” hôshêa‛ (עשוה) e é homônimo ao último
rei de Israel. Erich Zenger dá uma variação desta tradução dizendo significar
“Ele [Deus] Ajudou”. Ele foi escolhido para encabeçar a lista
dos 12 profetas por ser o livro mais extenso e nele conter as principais características
e alvos das mensagens dos profetas. Sua origem é em Israel, o reino do norte,
pois se refere ao rei de Samaria como “nosso rei” (7.5) e também por utilizar
uma linguagem própria do povo do norte, o aramaico. O profeta atuou no reino do
norte, em Samaria falando contra a idolatria que o povo havia recorrido e
deixado o Deus da nação.
Sobre a vida do profeta sabemos que ele é filho de Beeri, e
o fato de mencionar o nome de seu pai possivelmente demonstre a origem abastada
da família de Oséias. Zenger sugere que provavelmente o profeta
tenha feito parte de uma comunidade profético-levita de oposição podendo até
mesmo ter assumido a liderança deste grupo.
Champlin apresenta alguns relatos adicionais interessantes
sobre o profeta Oséias. Segundo o autor, foi ele foi o único profeta do reino
do norte que tiveram os escritos originais preservados até os dias de hoje. E
que possivelmente a profissão de Oséias era padeiro por ele mencionar o “forno
aceso” e “sovar a massa para ser levedada” no trecho 7.4 .
Essas informações, contudo, não foram mencionadas por nenhum dos outros autores
pesquisados. Deus designou a família de Oséias para ser a ilustração da
mensagem que Ele queria passar para o povo prostituído. O Senhor ordenou ao
profeta que casasse com uma mulher de prostituição “Quando o Senhor falou no
princípio por Oséias, disse o Senhor a Oséias: Vai, toma por esposa uma mulher
de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, apartando-se
do Senhor.” (Os 1.2). Sua esposa Gômer lhe deu três filhos que possuíam igual
mensagem imanente. Jezreel, Não-Amada e Não-MeuoPovo. Tudo isso comunicava ao
povo que Deus estava desprezando a nação de Israel considerando seus cultos a
deuses falsos como atos de prostituição.
Data
Facilita compreendermos a datação do livro de Oséias por
causa de sua introdução. Já primeiro versículo o autor expõe o contexto onde o
profeta atuou. “A palavra do Senhor, que veio a Oséias, filho de Beeri, nos
dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão,
filho de Joás, rei de Israel.” (Os 1.1). Infelizmente a diversidade de
informações encontradas nos comentários não permite que determinemos uma data
fixa para o ministério de Oséias. Vamos expor as hipóteses levantar por alguns
dos autores pesquisados.
Gleason Archer diz que o período de ministério do profeta
variou, por isso não é possível admitir que as profecias do livro fossem feitas
em uma única época. Segundo ele parte de seus oráculos foram pronunciados antes
da morte de Joroboão II em 753 a.C. Seu argumento para esta idéia é plausível
se considerarmos a profecia do capítulo 1 contra a dinastia da Jeú simbolizada
no primogênito de Oséias, Jezreel. “Isto foi cumprido quando, em 752, Salum
assassinou Zacarias, filho de Jeroboão.” . O capítulo 5
direciona a profecia para o rei Menaém já em outro período da história (752-742
a.C.) e o capítulo 7 mostra um período ainda mais tardio por causa da
duplicidade de governo entre o Egito e a Assíria que só ocorreu no reinado de
Oséias em 732-732 a.C. Archer resume o ministério profético de Oséias em 25
anos aproximadamente tendo todo seu material escrito no final do ano 725 a.C.
isso seria 30 anos depois do profeta ter iniciado seu serviço.
Werner Schmidt nos disponibiliza uma informação não
verificada em nenhum outro autor pesquisado. Segundo ele o profeta Oséias foi
vocacionado para o ministério no mesmo ano da morte do profeta Isaías. Oséias
foi contemporâneo de Amós trabalhando aproximadamente 10 anos após ele. A
guerra entre a Síria e Efraim ocorreu em 734 a.C. como cumprimento da profecia
de Oséias observada em Os 5.8. Segundo Schmidt o profeta não presenciou a
destruição do reino do norte profetizada por ele em Os 14.1 e ocorrida em 722
a.C. O autor conclui que o período de atuação do profeta Oséias foi entre os
anos de 750 a.C. e 725 a.C.. Concordando, assim, com Archer sobre a duração de
25 anos do seu ministério.
Não podemos levar em consideração o nosso sistema
cronológico da história na tentativa de datar os escritos bíblicos, assim nos
adverte Dillard e Longman III. Os autores identificam algumas tensões quanto a
datação do livro, uma delas é a questão imprecisa quanto ao final do reinado de
Jeroboão II, eles sugerem o período entre 753 e 746 a.C. Outras fontes
pesquisadas pelos autores dizem que o início do reinado de Uzias foi em 791
a.C., Jeroboão começou a reinar em 793 a.C. e que Ezequias subiu ao trono em
715 a.C. e morreu em 687 a.C. Aqui fica a incoerência de que Oséias não poderia
ter exercido sua função por quase cem anos, com isso os autores chegam a
conclusão de que “ele iniciou sua obra no final do reinado de Jeroboão e a
completou no começo do reinado de Ezequias. Desse modo [...] Oséias atuou no
período entre 750 a.C. e 715 a.C.”
Críticas quanto a autoria
A maioria dos estudiosos dividem o livro de Oséias em duas
partes, a primeira dos capítulos de 1 a 3 que fala da família do profeta e como
ele a usa como ilustração viva do recado de Deus ao povo e a segunda dos
capítulos de 4 a 14. Archer leva em consideração a dificuldade de alguns
críticos liberais em aceitar a autoria das passagens do livro de Oséias que se
referem a Judá e as passagens Os 11.8-11 e Os 14.2-9 que falam de uma benção
futura e libertação nacional. Para o autor não há qualquer dificuldade em
aceitar a autoria autêntica da primeira parte do livro, enquanto que na outra
parte a dificuldade consiste em aceitar a mensagem como libertação da nação
como mensagem inicial do profeta. Para os críticos que Archer cita, essa parte
foi escrita anos depois. (ARCHER, 1998) Dillard e Longman III falam das teorias
sobre a autoria mista do livro de Oséias. O primeiro indício desta autoria mista
é que o profeta, sendo do Norte e dirigindo sua mensagem para o Norte, cita
muitos reis do Sul principalmente porque esta lista de reis não se ajusta com o
período que os reis do norte atuaram. Os autores mencionam que existe uma seção
ao final do livro de Oséias que foi acrescentado anos depois da escrita do
livro. Esta seção contém profecias sobre Judá, o reino do Sul. Dillard e
Longman III discorrem em cima das suposições levantadas por G. Emmerson que
afirma que “suas origens [de Oséias] encontram-se no reino do Norte, sua
transmissão pertence, na maior parte da sua história, a Jud|.”. Por esse motivo alguns críticos acreditam que é possível que o livro de
Oséias tivesse um escritor posterior oriundo de Judá. Para finalizar esta
discussão vale a pena citar as palavras dos autores quando tecem uma solução, a
meu ver, aceitável. “Não é impossível que os últimos seguidores fiéis da
tradição do profeta vissem analogia entre a situação no sul algumas décadas
após sua morte e fizessem a ligação inserindo os assuntos de interesse judaico
no texto. Tais tradições fariam parte do processo de composição do livro bíblico,
e de qualquer forma não impugnam a autoridade canônica dos textos. [...]
Acreditamos que o livro é essencialmente obra de uma única pessoa, e que o
texto é basicamente confiável.”
Lugar no Cânon
O livro de Oséias é o mais longo de todos os Profetas
Menores9 e é o mais completo teologicamente. Hubbard afirma que essa completude
se dá por ele falar de maneira generalizada sobre as grandes Alianças entre o
povo e Deus sobre julgamento e esperança provindos destas alianças. Além disso,
ele descreve um relacionamento pessoal, bem próximo com Oséias, talvez por
expressar seu sentimento de cônjuge traído na família do profeta. Como já foi mencionado acima Oséias foi contemporâneo de Amós, no
entanto desenvolveu seu ministério depois deste. Apesar de Amós vim primeiro
Champlin defende que “cronologicamente falando Oséias não deve ser posto antes
de Amós, mas a sua importância faz com que ele mereça estar no começo dos
profetas menores.” Para o autor esta importância está no
fato de que por causa do seu elevado grau de teologia o profeta apresenta um conceito
de Deus muito mais profundo do que muitos outros autores do Antigo Testamento.
Texto retirado do Livro : OS PROFETAS MENORES - Héber Negrão

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